Dê-me um pouco mais de corda, por favor?!
Acordei, olhei no
celular: 6h30; voltei a dormir. Levantei às 8h00: passei por cima do Romer que
dormia. Espreguiça, alongamento, preguiça, alongamento, 1, 2, 3, levantei!
Abri a porta do
quarto e o Dudamel passou em disparada para o lado de dentro. Dudamel é o gato;
Romer o marido.
Em frente ao espelho
do banheiro, com a boca cheia de espuma da pasta de dente ardiiiiida, constatei
que é meu último dia com 29 anos. Amanhã faço 30 e não sei como vai ser agora, rs.
Não sei se paro de
pisar descalça no chão logo cedo ou se continuo limpando o chão do quarto antes
de dormir porque parece mania de velha.
Não sei se paro de prestar
atenção em mil coisas ao mesmo tempo ou se continuo a passar metade do dia com
fones de ouvido porque parece muito adolescente.
Também não sei se
paro de dormir com meu velho amigo cachorro de pelúcia ou continuo achando infantil
gostar de desenho animado porque é contraditório.
Além disso, não sei
se paro de abominar gente sem caráter ou se continuo acreditando na
transformação do ser humano porque aí... Opa! Aí já não seria mais eu! Às vezes
dá para fazer as duas coisas.
O ser humano é
genialmente patético na maioria das vezes, mesmo assim o que mais me inspira na
vida é o contato com as pessoas. Nada se compara, nem chega perto! E, fazer 30
para mim significa ter feito muito disso durante esse tempo.
Tive a imensurável
boa sorte de ter conhecido, sempre, pessoas incríveis e suas inesquecíveis
histórias.
Sem contar os lugares
onde pude ir, os encontros, as paisagens e um tanto de experiências que já não
cabem numa mão.
Numa mão também já
não cabem os 30... nem se juntar os pés! Mas e daí? Livre de tempo e espaço a
realidade é outra mesmo, então fazer trinta só significa me aproximar num dia
só “meu” das pessoas que tanto me apaixonam.
Precisei de quase
trinta anos para me desprender das coisas estáticas, e quando reparei de
verdade no tamanho do mundo não deu mais tempo de pensar em rótulos, em
quantidade e essas bobagens de saber tal coisa e ter sei lá o que.
Fiquei crítica demais
e beirando à acidez, voltei a ser o que sempre fui, e o que é que eu era mesmo?
Ah tá, a moça perdida
nos 30 e achada em todo o resto. Aquela lá, do nome estranho, olho grande,
pernas finas e voz grossa (que medo! rs) que não mudaria absolutamente nada na
vida e ainda afirma: “Não mudaria mesmo, de coração!”.
A filha daquela
mulher talentosa e do pai de gênio forte, sabe? Que se sente a pessoa mais
sortuda do mundo, sem tirar nem pôr, e que acredita que qualquer outra coisa
que a desvie dessa rota não deva fazer parte dela.
Em primeira pessoa, acho
que a coisa mais genial da vida é a sua generosidade. Mais genial é enxergar
isso com clareza.
Tudo tão simples nesse
punhado experiências – num encaixe perfeito daqui de dentro e todo o resto – trinta
é só pretexto para estar vivo; bobagem, rs.
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